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Nos mais de cinquenta anos desde o primeiro pontapé no futebol candango, inúmeros jogadores conhecidos em todo o país passaram pelos clubes do Distrito Federal. Alguns já consagrados, outros ainda em formação, mas todos deixaram marcas em gramados espalhados por todo o DF. Na série Lembra dele?, o Distrito do Esporte resgata nomes que cruzaram o caminho da capital brasileira em momentos improváveis da carreira. O primeiro episódio volta a 2014, quando Thiago Galhardo, atualmente no Santa Cruz, vestiu a camisa do Brasiliense durante a campanha da Série D do Campeonato Brasileiro. A passagem foi curta, mas o atacante (na época, meio-campista) deixou o clube com rótulo de vilão.
Dono do primeiro episódio da série, Thiago foi o primeiro da família a defender o Brasiliense. Isto porque, uma década depois, o irmão, Gabriel Galhardo, também desembarcou na capital para defender o clube. Ambos viveram histórias parecidas com a camisa amarela, mesmo com anos de diferença entre as passagens. Os dois chegaram com a missão de recolocar o Jacaré na Série C, mas ficaram por apenas um jogo de eternizarem o sobrenome na história da equipe. Em ambas as ocasiões, o time de Taguatinga foi eliminado nos pênaltis, no Estádio Serejão. Gabriel ainda defendeu o clube por mais tempo e disputou 28 partidas, enquanto o Thiago esteve em campo em apenas três oportunidades.
Revelado pelo Bangu em 2010, Thiago rodou por Botafogo-RJ, Comercial-SP, América-RN, Remo-PA, Boa Esporte-MG e Cametá-PA antes de chegar ao Distrito Federal. Em 2014, aos 24 anos, aceitou o desafio no Brasiliense ainda com a Série D em andamento. Naquele momento da carreira, atuava como volante, sem a vocação ofensiva e o faro de gol que anos depois lhe renderia e status de centroavante em clubes da Série A e até mesmo da Seleção Brasileira. Com a camisa do Jacaré, Galhardo participou de três partidas, mas os números foram discretos: não chegou a balançar as redes ou distribuir assistências.
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Marcos Soares, treinador do clube naquela época, foi o responsável por trazer jogador ao Jacaré. O técnico havia recebido vídeos de Galhardo em campo pelo Cametá, do Pará. Gostou do material recebido e bancou a contratação já na reta final do Brasileirão daquele ano. Em entrevista posterior ao Blog Drible de Corpo, do Correio Braziliense, Soares elogiou a entrega do jogador, apesar do desfecho negativo. “Na época, ele estava no Cametá-PA. Recebi um material dele, gostei e levamos para o Brasiliense. Usei o Thiago como volante, meia, e ele se dava bem nas duas. Agora, tem essa novidade de ele jogar de nove. Ele nos ajudou muito, pena que perdemos o acesso nos pênaltis para o Brasil de Pelotas”, contou ainda em 2020.
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Citada pelo treinador, a partida contra o Brasil de Pelotas, do Rio Grande do Sul, foi válida pela volta das quartas de final da Série D de 2014 – o jogo do acesso de ambas as equipes à terceira divisão nacional. No confronto de ida, fora de casa, o Brasiliense havia perdido por 2 a 1. No segundo jogo, devolveu o placar e levou a decisão para os pênaltis. Galhardo foi um dos protagonistas – de forma negativa – daquela tarde no Estádio Serejão. Ele havia sido expulso após se envolver em confusão responsável por paralisar a disputa por mais de sete minutos. A situação saiu do controle: invasão de campo por diretores, protestos da torcida e objetos arremessados ao gramado. Leandro Leite, do ‘Xavante’, também tomou o vermelho após o imbróglio.
Mesmo com o empate no tempo regulamentar, o Brasiliense desperdiçou a classificação nas penalidades. Eduardo Martini, goleiro do time gaúcho, defendeu cobranças e saiu como herói do confronto: 4 a 3 para o Brasil de Pelotas. Galhardo, além da expulsão, ainda recebeu punição posterior com dois jogos de suspensão. O gancho foi cumprido em 2015, já com a camisa do Madureira-RJ, em jogos da Copa do Brasil. A penalidade facilitou a liberação de Thiago ao Coritiba meses depois. De acordo com o regulamento, ele não poderia defender o Coxa na CDB caso já tivesse atuado com a camisa do clube carioca.
Durante o período no Brasiliense, Galhardo dividiu vestiário com nomes conhecidos do cenário nacional. Os zagueiros Alex Silva, ex-São Paulo e André Luís, ex-Botafogo e meio-campista Zé Roberto, ex-Vasco eram algumas das referências daquele plantel. Outro nome de destaque era Romarinho, filho de Romário e autor do gol do título candango do Jacaré em 2013, diante do Brasília – a primeira taça do novo Mané Garrincha.
Carreira depois do Brasiliense
Após deixar o Distrito Federal, Thiago Galhardo seguiu ao Madureira e posteriormente ao Coritiba, onde passou de volante para um meia com mais liberdade ofensiva. No Couto Pereira, disputou a Série A do Brasileirão e atraiu olhares de outras praças. Passou pelo Red Bull-SP, Ponte Preta e se aventurou no Japão, antes de retornar ao Brasil para vestir a camisa do Vasco da Gama. No Gigante da Colina, reencontrou a estabilidade e disputou a Libertadores como titular, mesmo em meio a polêmicas. Deixou o clube de forma conturbada, mas abriu caminho para a melhor fase de toda a carreira.
Chegou ao Ceará e assumiu o papel de protagonista do clube na elite do Brasileirão, já como um atacante. Em 2020, chegou ao Internacional e atingiu o auge da carreira: vice-campeão Brasileiro e vice-artilheiro do torneio, com 17 gols. O desempenho o levou à Seleção Brasileira, em uma partida contra o Uruguai, pelas eliminatórias. Thiago, no entanto, não saiu do banco de reservas. Chegou ainda na La Liga, com a camisa do Celta de Vigo, junto de Eduardo Coudet – técnico na passagem pelo Colorado. Retornou ao Brasil para defender o Fortaleza, Goiás e março deste ano, aos 35 anos, desembarcou em Pernambuco para defender o Santa Cruz ao lado do irmão.
Nesta temporada, em dez jogos com a camisa do Santa Cruz, Thiago balançou as redes em oito oportunidades. A ‘Cobra Coral’ lidera o Grupo A1 da Série D e a colocação geral do torneio: são 22 pontos em nove jogos, com sete vitórias, um empate e uma derrota.
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